"O Gay Chunga"
Não serei capaz, certamente, de descrever tal espécime porque só vendo se percebe tamanha complexidade da coisa.
Mas com todo o meu esforço vou tentar.
Imaginem um daqueles obrais... chungas ordinários que cospem para o chão, coçam os testículos, assobiam sem dedos enrolando a língua de uma forma que só eles sabem fazer e que não perdoam a passagem de uma rapariga/mulher/ser do sexo feminino. Aqueles que emitem grunhidos de suas cordas vocais que soam a qualquer coisa como: "Oh flor! Dá para pôr?". Aqueles que à porta das tascas seguem com seu olhar "matador" todas as fêmeas que passam enquanto que, com toques de malabarismo, enrolam o palito na boca e conseguem com que este dê uma volta. Aqueles que usam a bela da t-shirt manga cava, que na zona dos sovacos (sim porque estes não têm axilas) exibem uma mancha amarelada que condiz com o belo do calção de tecido pelos joelhos que de tão baixa cintura se consegue o "mealheiro" entre a zona do tronco e das pernas. E claro... aquele que usa o fio de ouro por entre os seus másculos pelos no peito com a cruz de Cristo pendurada...
Agora imaginem esta mesma personagem... Gay!
Não joga, não é compatível, parece impossível existir... mas existe e eu tenho testemunhas. estava num café de uma esquina da Avenida Almirante Reis, bem pertinho da Alameda.
Peguem na personagem descrita atrás e tirem-lhe 20 anos e os amarelados dos sovacos (aqui já se pode chamar axilas). Substituam os calções por umas jeans bem apertadinhas (que é para os tin-tins ficarem bem apertadinhos para conseguir ter AQUELE andar), com correntes que ligam a presilha aos bolsos de trás. Retirem o palito e substituam pela cruz de Cristo que está pendurada no fio e misturem-lhe uma pastilha elástica. O grunhido desaparece e é substituído por uma voz assim como que...um homem a tentar imitar uma mulher a falar e tentando sempre pôr (e nunca percebi porquê) um sotaque meio de Cascais. Ah... e obviamente, substituam a fêmea por um macho.
Deixem tudo o resto. Forma de estar, a micose que insiste em atacar, o mesmo palavreado ordinário, o mesmo movimento de língua que, acrobaticamente, vira o palito, ou neste caso, a pastilha e a cruz, a mesma t-shirt de manga de cavas... tudo igual mas em versão Gay.
Só vendo é que dá para acreditar e eu tive esse privilégio.
Claro que, não pude evitar, e imaginei-o logo no meio de uma das "minhas" obras.
Eu não queria estar na pele dos operários seus colegas. Sim porque sendo "obral" tem uma aptidão natural para piropos do mais rasco que pode haver, sendo hetero, bi, a ou homossexual.
Mas sendo este ultimo havia de ser o festival.
Aí não seriam as meninas ingénuas que passam por debaixo dos andaimes das obras as vítimas dos obrais, mas sim estes últimos, as vítimas de seu próprio colega, o Gay-Chunga. Ele seria o leão, eles seriam os veados (em português claro, porque em brasileiro os papeis invertem-se).
Já estou a imaginar esta alma na obra com o capacete pendurado na presilha das calças a correr por aqueles andaimes "a fora" atrás dos ditos veados, com sua voz anasalada a gritar:
"Oh minha flor, sua puta! Com esse teu pandeiro, não ias só obrar a minha casa, não!!!"
P.C.P: espero não ferir susceptibilidades com este meu post...
4 comentários:
MUITO, muito, muito bom!!!
BDR em alto estilo :D
Beijins!
bdsjoomq
Esta personagem é dificil de imaginar!!!Hehehe!
Pensando melhor...é melhor nem imaginar..
Bejoques
Sinceramente que consigo imaginar o figurinha... o problema foi estar a ler este teu post e a almoçar ao mesmo tempo... sim... porque imaginar semelhante criatura deu-me para rir... e mais uma vez em menos de 10 dias (úteis) consegui ser o centro das atenções de quem almoçava por perto... até porque mais uma vez estava sózinha... muito bom... vou passar a ler-te só mesmo no monitor do meu pc, na privacidade do meu gabinete ;)
Só espero que desta vez não estivesse ninguém por perto que me tenha visto há dias a beber o café da manhã e a rir... vou passar a ser catalogada de "internável" se for o caso...
Bjs
hehehe
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