terça-feira, 28 de agosto de 2012

Citadino (Do latim *civitatīnu-, «idem») aquele que habita na cidade



Vivo no campo e gosto. Não foi algo com que sempre tenha sonhado. Eu sou gaja de cidade, que gosta de andar de transportes públicos e ter um centro comercial em frente à porta de casa. Gosto de ter os meus amigos à distância de uma estação de metro e os bares ali bem perto de tal forma que se for sair para beber uns copos não tenha de pagar mais de 10 euros para apanhar um táxi e estar à porta de casa… sou citadina sim.

Mas os meandros da vida trataram de me trocar as voltas. Não conseguia nunca pôr um passarinho na gaiola. E considero que nesse aspecto o meu marido é um passarinho e ainda bem.

Tenho uma casa que nunca teria em Lisboa, tenho um cão e quero ter mais, tenho uma filha que se delicia por ao fim da tarde estar junto da piscina a atirar bolinhas ao canídeo enquanto diz “dá tim… iiiii” (que significa “Dá Martim, aqui”). Tenho mais… tenho a oportunidade de todos os dias acordar com os pardais a cantar, chegar a casa e desligar de tudo o que aconteceu nesse dia e tenho uma coisa que nas cidades não conseguiria ter… silêncio e sossego… uma das coisas que não tenho é vizinhos para me chatear a cabeça quando por exemplo arrasto um aquecedor pelo chão às 21h30… enfim… dou-me ao luxo de dar jantaradas aos meus amigos e familiares, até altas horas da noite sem que me pese a consciência. E isto tudo a 20 minutos de Lisboa. Não me parece de todo uma má escolha…

Tudo isto fica tremido quando aos sábados de manhã acordo, vou “cheirar” a natureza à minha varanda com vista para a piscina e de repente, me deparo com uma cobra!!!!

Enfim… se há animalzinho que me faz impressão é aquele (de toda a espécie e feitio) que se apresenta com uma pele viscosa e que parece que foi saída de um spa e submetida a massagens com óleos. Valha-me o meu “Manel” que tem coragem de leão e entre vassouras, pás e demais instrumentos de tortura de répteis e afins lá vai buscar forças não sei onde para “tratar” do animal. Resta-me também o instinto animal do meu canídeo que lá se vai entretendo com os ditos bichos e os vai afastando ou simplesmente roendo-lhes os rabinhos que ficam a dar a dar.

Este fim de semana foi assim. E o que me irrita nos citadinos (iguais a mim) é que quando lhes conto o episódio oiço coisas como “ah… mas isso é bom! Onde há cobras não há ratos!”. E quem lhes disse a eles que eu prefiro cobras a ratos? Confesso que, não morrendo de amores pelos roedores e não querendo de forma alguma que me entre um pela casa (e já sei que os ratos são transmissores de doenças blablabla…) não me causa tanto asco ver um rato como ver uma cobra ou outro réptil qualquer.

Algo que também me “enfurece” é quando, ao contar o triste fado dos animais selvagens que pela minha “quinta” aparecem, os citadinhos me dizem “coitado do animal. Mataram-no?”… respostas possíveis que me passam pela cabeça:

- “Não… devolvi-o ao seu habitat natural, para que ele a qualquer momento me pudesse visitar de novo”

- “Não… tenho-o num aquário no meio da sala!”

- “Não… tenho-o embrulhado numa caixinha para te trazer de presente. Quando é que fazes anos?”

Ou ainda:

- “Não… estou à espera que tu vás lá casa tratar dele pois acho-te uma pessoa muito mais consciente e mais amiga dos animais do que eu!”

Rai’s partam os citadinos…

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