quarta-feira, 21 de maio de 2008

Gaivota (Do lat. gavìa-, «gaivota» +-ota) nome vulgar extensivo a umas aves palmípedes da família dos Larídeos, algumas das quais comuns em Portugal


Se és daquelas pessoas que não tem o mínimo de preocupação com a aparência da sua viatura então este post é para ti. Eu sou uma dessas pessoas. A lturas há em que eu própria tenho asco de entrar no maquinão que todos os dias conduzo. Sendo ele de matrícula IP resolvi chamar-lhe Impossível Penetrar porque realmente é impossível entrar dentro dele pois a porcaria vai-se entranhando nas borrachas das portas até formar uma pasta pestilenta que a páginas tantas seca e forma como que uma cola e lá tenho eu de puxar do pé de cabra para abrir o boguinhas. Só que convinhamos, é muito mais cómodo andar com uma chave dentro do bolso do que com um pé de cabra. Imaginem o porta-chaves... teria de ser no mínimo uma grua!!! Isto por fora... porque por dentro a coisa piora. Há quem tome o pequeno almoço em casa, outros, mais abastados, vão à melhor pastelaria da localidade. Pois eu tomo mesmo no carro. Não há tempo a perder e o quarto de hora que demoro a chegar ao meu local de trabalho tem de servir para algo mais senão para a própria deslocação para o local de trabalho. Todos os dias de manhã pego então na minha tosta de fiambre e no meu iogurte líquido de cheesecake e lá vou eu rumo a AlLagoa. Apesar de a N125 ter umas belas rectas onde acelerar, esporadicamente existem, também, algumas curvitas, ainda que muito ténues. Mas é o bastante para que o meu iogurte se derrame pelos bancos e tapetes do carro o que à mistura com as migalhas vindas da tosta forma uma iguaria que... enfim!
Se somarmos a isto o facto de eu viver ao pé do mar e de uma das principais espécies da sua fauna serem as gaivotas, que quando evacuam, evacuam a sério e como se não houvesse amanhã, imaginem o estado dos vidros do meu querido carrinho que não pediu para vir para Marrocos.
Isto foi só uma pequena introdução à história que me aconteceu ontem.
Já tinha pensado várias vezes que, se algum dia, o meu patrão me pedisse boleia para casa (coisa praticamente impossível pois o Sr. tem a frota da BMW) iria ser bastante embaraçador tanto para mim como para ele. Eu pelos motivos já apresentados, ele porque pura e simplesmente não iria caber.
Mas ontem tive a confirmação que tenho de me começar a preocupar não só com a minha imagem mas também com a do IP.
Numa das minhas idas a AlPortimão em trabalho a certa altura tive de parar num semáforo. Como aqui faz calor, ía com os vidros todos abertos e com a música aos altos berros. Tipo linha de Sintra se é que me compreendem. Olho para o lado e lá estava ele... o homem da minha vida. Aquele que iria ser o pai dos meus filhos e com quem eu iria partilhar a minha lareira e a cadeira de baloiço aos meus 90 anos. Rapazito pros seus 30 anos, carro jeitoso de gama média, óculos escuros Ray-Ban, bem parecido... enfim não lhe vi muitos mais atributos porque ele estava dentro da sua viatura. Como sou uma menina atinada e que acha que no primeiro encontro não deve haver muitas intimidades e porque tinha a música a decibeis elevados e não quis que ele soubesse, logo, quais eram as minhas humildes (mas dignas) origens, troquei um sorriso maroto com ele e resolvi fechar o vidro do carro. E imaginem o que fica a tapar a face de tão belo principe? O quê? Um valente excremento de gaivota, de tons amarelos e castanhos assim a percorrer todo o vidro do IP, como se de uma cascata se tratasse... Ainda tentei remediar a situação e abrir o vidro de novo mas já era tarde. O meu cavaleiro andante já não olhou de novo para mim... e lá partiu ele em busca de uma Rampuzel que tome mais cuidados com a aparência do seu transporte.
Acho que perdi a oportunidade da minha vida... De ser feliz e de ter filhos com óculos Ray-Ban (se eu uso e ele usa, os nossos filhotes iriam usar também... é como os olhos verdes!!!).
O que vale é que ganhei uma grande resistência às desilusões amorosas. E esta manhã levantei-me arranjei o meu pequeno almoço e lá fui eu de iogurte líquido na mão para dentro do IP. Malditas curvas que insistem em estar sempre no mesmo sítio...
Já Mohandas Ghandi dizia: “O futuro dependerá daquilo que fazemos no presente”.
Eu não lavo o carro, escolhi viver ao pé da praia e tomo o pequeno almoço dentro da viatura. Futuro: vou ficar solteira.
Uma gaivota mudou a minha vida. Cuidado... poderás ser a sua próxima vítima.

2 comentários:

Spirit disse...

Tenho que confessar que o teu IP tem algumas semelhanças com o meu DF, mas no meu caso o problema, para além de passar pelo facto de também morar à beira mar (muito embora as gaivotas jagoças sejam mais respeitadoras que as marroquinas e até à data ainda não me brindaram com os seus fluidos), passa principalmente pelo facto de em 45 minutos de viagem para o trabalho lá fumar uns 3 cigarritos... ora contas feitas por dia são 6 o que dá a módica quantia de 30 cigarros por semana, ou seja, 120 por mês... ora isso a multiplicar pelos meses em que já não lavo o carro... hum... bem... digamos que é cinza por todo o lado! À cinza podemos sumar uma quantidade bastante assustadora de cabelos meus (maldita queda de cabelo) e pó em quantidades tão grandes que acaba por ser vergonhoso...

Abreviando: por fora o carro foi em tempos preto, agora tem uma corzita assim a atirar para o cinzento claro... e por dentro um dia que me digne a aspirá-lo não vai haver saco de aspirador que aguente!

Vai-me valendo o facto do DF ainda ir fazendo contas ao combustivel...

Beijos C

disse...

Realmente existem oportunidades na vida...que nos escapam de forma estranha!!Mas é isso que nos dá força pra continuar...não sei se me estou a fazer entender...

Em relação ás gaivotas...vou dizer uma frase celebre
" As P#%&# das gaivotas....só querem é...F#%&$.."

Bjs